GPT-5 da OpenAI: Lançamento Controverso e a Nova Aposta no Comércio Eletrónico

GPT-5 da OpenAI: Lançamento Controverso e a Nova Aposta no Comércio Eletrónico

15 Agosto 2025 Não Por Maria Manuela Dias

Poucos dias após o lançamento do GPT-5, o mais recente modelo de linguagem da OpenAI, as críticas já se acumulam. Em causa está um desempenho considerado questionável por muitos utilizadores, bem como a remoção de funcionalidades importantes, ofuscando a ambição da empresa de revolucionar o comércio online com a nova tecnologia.

Quando uma empresa líder de mercado, especialmente num setor tão fascinante e escrutinado como o da Inteligência Artificial, lança um novo produto, a margem para erro é praticamente inexistente. Por isso, não é de surpreender que o lançamento do GPT-5 para o seu aclamado ChatGPT, a 7 de agosto, tenha sido recebido com todas as atenções viradas para os seus resultados. E, para muitos especialistas e observadores, o desempenho não esteve à altura das expectativas.

Um Modelo Menos Potente do que o Anunciado?

Apesar do otimismo inicial, a realidade parece ter defraudado as promessas. Durante o anúncio, Sam Altman, o próprio CEO da OpenAI, enalteceu a potência sem precedentes do GPT-5. Anunciado como mais eficiente, menos propenso a erros, mais adaptável e um especialista em programação, o modelo prometia ser a nova geração da IA generativa. Contudo, a experiência prática de muitos utilizadores conta uma história diferente.

As queixas apontam para uma regressão geral do modelo: respostas mais curtas e menos pertinentes, uma dificuldade persistente em lidar com contextos complexos e longos, e a geração de blocos de código disfuncionais ou com erros. Para uma parte significativa da comunidade, o resultado foi uma verdadeira desilusão.

A Escolha Retirada aos Utilizadores Experientes

Perante as lacunas do novo modelo, a solução lógica para os utilizadores mais experientes seria regressar a versões anteriores e mais estáveis, como o GPT-4o ou o GPT-3, pelo menos até que a OpenAI corrigisse os problemas do GPT-5. No entanto, também aqui foram surpreendidos: com a atualização, a empresa decidiu descontinuar o acesso aos modelos anteriores.

A justificação oficial é que o GPT-5 é plenamente capaz de mobilizar diferentes competências com base na sua interpretação do pedido do utilizador. Embora a lógica seja compreensível, a decisão gerou frustração entre aqueles que se deparam com um modelo inferior e sem alternativas viáveis.

A Grande Ambição: Revolucionar as Compras Online

Paradoxalmente, por detrás de um lançamento atribulado, esconde-se uma das maiores apostas estratégicas da OpenAI: transformar o ChatGPT numa “super-aplicação” orientada para transações comerciais. Com o GPT-5, a empresa pretende afastar-se do modelo publicitário tradicional e começar a monetizar a plataforma através de receitas de afiliação e comissões, privilegiando pedidos de utilizadores com elevado valor comercial.

Uma das funcionalidades centrais para esta nova fase é o seu “router inteligente”, um sistema que analisa a complexidade dos pedidos para otimizar a alocação de recursos. A ideia é melhorar a experiência do utilizador em momentos de clara intenção de compra, como na comparação de produtos ou na busca por recomendações específicas, mudando a forma como se compra na internet.

O Desafio da Sustentabilidade e a Perceção do Utilizador

No entanto, as primeiras impressões mistas podem comprometer esta estratégia. Utilizadores que consideram a nova versão mais lenta e menos intuitiva do que a sua antecessora, a GPT-4o, dificilmente se sentirão motivados a aderir a uma versão paga ou a utilizá-la para transações comerciais.

À medida que a popularidade e os custos operacionais da IA continuam a aumentar, a OpenAI, tal como outras empresas do setor, enfrenta o desafio crucial de desenvolver um modelo de acesso premium que seja sustentável. Com o regresso de utilizadores que podem consumir uma enorme quantidade de recursos computacionais, a otimização de custos e a experiência do utilizador tornam-se prioridades absolutas. Para as marcas, torna-se igualmente essencial começar a adaptar as suas estratégias para este novo ecossistema de “comércio nativo de IA”, integrando ferramentas que melhorem a jornada de compra dentro da própria plataforma.